• Bernardo Boccalon

    Cardiologista e Ecocardiografista

A válvula aórtica bicúspide (VAB) é uma condição congênita que afeta a válvula aórtica, uma das principais válvulas do coração. Em vez de ter três cúspides (folhetos) normais, a válvula aórtica bicúspide possui apenas duas. Esta condição pode influenciar o fluxo sanguíneo do coração para a aorta e, em alguns casos, levar a problemas cardíacos ao longo do tempo. Neste artigo, exploraremos todos os aspectos importantes sobre a VAB, seus sintomas, causas, diagnóstico e opções de tratamento.

válvula aórtica bicúspide
Válvula aórtica bicúspide visualizada em um ecocardiograma

O Que é a Válvula Aórtica Bicúspide?

Normalmente, a válvula aórtica tem três folhetos que se abrem e fecham para regular o fluxo de sangue do coração para a aorta, a principal artéria do corpo. Quando a válvula tem apenas dois folhetos, ela pode não funcionar de maneira eficiente, o que pode levar a problemas no fluxo sanguíneo.

Essa condição é mais comum do que muitas pessoas imaginam e pode ser detectada em até 2% da população. Essa condição pode se apresentar sem sintomas por muitos anos, mas eventualmente pode levar a complicações graves, como estenose aórtica (estreitamento da válvula) ou insuficiência aórtica (vazamento da válvula). Em alguns casos, a anomalia pode ser descoberta acidentalmente durante exames de rotina ou avaliação de outras condições cardíacas.

O Que uma Pessoa com Válvula Aórtica Bicúspide Sente?

As pessoas com válvula aórtica bicúspide podem ser assintomáticas, especialmente na infância e na adolescência. No entanto, à medida que envelhecem, podem desenvolver sintomas relacionados às complicações da condição. Alguns sintomas comuns incluem:

Como é Diagnosticada a Válvula Aórtica Bicúspide?

O diagnóstico da válvula aórtica bicúspide geralmente é feito através de exames de imagem cardíaca, que podem incluir:

  1. Ecocardiograma: Um ultrassom do coração que permite visualizar a estrutura e o funcionamento das válvulas cardíacas. É o principal exame para diagnosticar a válvula aórtica bicúspide.
  2. Ressonância Magnética Cardíaca (RMC): Utilizada para obter imagens detalhadas da anatomia do coração e avaliar a extensão das anomalias.
  3. Tomografia Computadorizada (TC): Pode ser utilizada para avaliar a aorta e detectar qualquer dilatação ou aneurisma associada à válvula aórtica bicúspide.

Quais São as Causas da Válvula Aórtica Bicúspide?

A válvula aórtica bicúspide é uma condição congênita, o que significa que está presente desde o nascimento. Ela resulta de uma anomalia durante o desenvolvimento fetal do coração. Embora a causa exata não seja totalmente compreendida, sabe-se que fatores genéticos desempenham um papel significativo. A VAB pode ocorrer isoladamente ou estar associada a outras anomalias congênitas do coração.

Quais São as Complicações Associadas à Válvula Aórtica Bicúspide?

A válvula aórtica bicúspide pode levar a várias complicações ao longo do tempo, incluindo:

Regurgitação aórtica
Regurgitação aórtica em uma válvula bicúspide visualizada em um ecocardiograma

Opções de Tratamento para Válvula Aórtica Bicúspide

O tratamento da válvula aórtica bicúspide depende da gravidade dos sintomas e das complicações associadas. As opções de tratamento incluem:

  1. Monitoramento Regular: Pacientes assintomáticos podem necessitar apenas de acompanhamento regular com exames de imagem para monitorar a condição da válvula e detectar precocemente qualquer complicação.
  2. Medicamentos: Podem ser prescritos para controlar sintomas como hipertensão ou insuficiência cardíaca e prevenir a progressão das complicações.
  3. Intervenção Cirúrgica: Em casos graves, pode ser necessário realizar uma cirurgia para reparar ou substituir a válvula aórtica. As opções incluem:
    • Reparo da Válvula: Tentativa de corrigir a válvula defeituosa sem substituí-la.
    • Substituição da Válvula: Substituição da válvula aórtica por uma prótese mecânica ou biológica.
  4. Tratamento de Aneurismas: Se houver um aneurisma da aorta associado, pode ser necessário um procedimento cirúrgico para reparar a aorta dilatada.

Perguntas Frequentes

  1. Válvula aórtica bicúspide pode ser hereditária?
    • Sim, a válvula aórtica bicúspide pode ter um componente genético e ocorrer em famílias.
  2. Quais são os sinais de que uma válvula aórtica bicúspide está se deteriorando?
    • Sintomas como aumento da fadiga, falta de ar, dor no peito e palpitações podem indicar deterioração da válvula.
  3. Qual a diferença entre válvula aórtica bicúspide e estenose aórtica?
    • A VAB é uma anomalia congênita da válvula aórtica, enquanto a estenose aórtica é o estreitamento da válvula que pode ocorrer devido ao espessamento ou calcificação da válvula.
  4. É possível prevenir complicações da válvula aórtica bicúspide?
    • Acompanhamento médico regular e controle de fatores de risco como hipertensão podem ajudar a prevenir complicações.
  5. Quais são os riscos da cirurgia de substituição da válvula aórtica?
    • Como qualquer cirurgia, há riscos de infecção, sangramento, complicações cardíacas e reações à anestesia.
  6. Válvula aórtica bicúspide pode causar hipertensão?
    • Embora a VAB não cause diretamente hipertensão, complicações como estenose ou regurgitação podem aumentar a carga de trabalho do coração e contribuir para a hipertensão.
  7. Qual a expectativa de vida para alguém com válvula aórtica bicúspide?
    • Com acompanhamento adequado e tratamento das complicações, muitas pessoas com válvula aórtica bicúspide têm uma expectativa de vida normal.
  8. Atividades físicas são recomendadas para pacientes com válvula aórtica bicúspide?
    • Atividades físicas podem ser recomendadas, mas é importante que sejam supervisionadas por um médico para evitar sobrecarga cardíaca.
  9. Como é a recuperação após a cirurgia de substituição da válvula aórtica?
    • A recuperação envolve um período de internação hospitalar, seguido de reabilitação cardíaca e monitoramento contínuo.
  10. Há alternativas não cirúrgicas para o tratamento da válvula aórtica bicúspide?
    • Em alguns casos, medicamentos e acompanhamento podem ser suficientes, mas a intervenção cirúrgica é frequentemente necessária para tratar complicações significativas.

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